Como considerações finais o meu trabalho teve as seguintes:
Uma revisão bibliográfica sobre o “estado da arte” e a interligação entre o treino a longo prazo, os requisitos do desporto de alto rendimento e os modelos de identificação e selecção do talento desportivo..
O “despontar” de novos talentos e em particular no futebol está diretamente relacionado com o período de formação dos jovens atletas, sendo consequência do planeamento executado nas categorias de base.
O processo para a ISPOTD acontece numa perspetiva multidisciplinar, a partir de um conhecimento integral do desporto, havendo uma interação multidisciplinar de especialistas (treinadores, médicos, investigadores). Este aspecto parece ser consensual. Contudo, não há um assentimento claro sobre a importância relativa das várias medidas, métodos e instrumentos de avaliação na prognose do rendimento desportivo futuro.
Nos vários trabalhos analisados, a natureza transversal de pesquisa sobre atletas talentosos, restringe o desempenho e previsão a algumas tentativas para validar modelos preditivos nas várias abordagens longitudinais, sendo este especialmente complexo no futebol, onde o desempenho está consubstanciando em vários fatores inclusive de natureza relacional (entre jogadores). De facto, a ausência de critérios científicos precisos que contrastam com a necessidade diária dos profissionais que lidam com o futebol, sendo que a falta de suporte científico não impede que exista um sistema de avaliação dedicado à prognose do rendimento desportivo no futebol.
Vários autores salientam a importância dos critérios inatos enquanto determinantes para o alto rendimento desportivo. Mais recentemente, reconhece-se a importância do contexto de desenvolvimento do talento, enquanto catalisador de um determinado potencial hereditário. Contudo, mesmo com esta perspetiva os imponderáveis são imensos na prognose futura do rendimento de cada atleta (entre os quais a maturação, o apoio familiar, a adequabilidade das cargas de treino, etc.). Os modelos mais sustentáveis parecem ser aqueles que são permeáveis a essa flutuação/ruído, oferecendo continuamente condições de desenvolvimento desportivo ótimas à manifestação do talento à medida que o jovem atleta percorre as várias etapas de preparação desportiva.
Urgem estudos longitudinais para cada desporto para que seja possível determinar mudanças das propriedades fisiológicas, antropométricas e psicossociais da elite e sub-elite durante o processo de maturação. Para além disso, o desenvolvimento destes modelos multidisciplinares de avaliação do perfil do talento devem promover a ligação entre o perfil genético, o desempenho desportivo e o comportamento humano no âmbito do desporto e da atividade física.